Em meio ao Jardins, um dos bairros mais desejados e consolidados de São Paulo, a AO assina o BAUMAN, um edifício residencial com diversidade de plantas, soluções modulares e linguagem única em um terreno esguio. 

Com 617,3m² de área construída, a criação traz um edifício residencial de doze pavimentos, envolto pela investigação sobre as poéticas espaciais possibilitadas pelo  aproveitamento de  um terreno esguio e idiossincrático, disponível em uma malha urbana disputada. 

O lote, de menos de 11 metros de frente e 57 metros de fundo, conta com a presença de vilas de casas na vizinhança, o que leva a uma limitação volumétrica transformada em potencial de projeto. A ideia de um prisma absoluto, encaixado na pouca área remanescente após a aplicação dos afastamentos laterais, norteou a organização das plantas de forma linear a partir de três fachadas principais e um eixo de circulação que permeia os ambientes sociais e íntimos. Cada pavimento foi organizado em dois apartamentos independentes, um de frente para a Rua Batataes, onde está situada a entrada principal do edifício, dotados de um dormitório, e outro no miolo do lote, com vista para as vilas existentes nas proximidades, com duas suítes. 

Foram criadas três configurações de plantas modulares lineares, reservando diferentes áreas para cada função desempenhada no interior dos apartamentos. Essa lógica permite diversidade de composições, originando unidades distintas nas suas disposições. As plantas viabilizaram uma linguagem de fachada gráfica, em que blocos de pedra aparente parecem estar empilhados enquanto são pontuados pela alternância de cheios e vazios. Internamente, isso se traduz em uma organização baseada na transição sequencial entre espaços, através de um percurso dramático pontuado por luzes e sombras. Como resultado, cada unidade é facilmente identificável ao nível da rua, pois os arranjos internos se refletem em posicionamentos distintos para as varandas do tipo balcão e as janelas piso-teto. A cobertura reúne dois triplex, com terraços descobertos que servem de espaço de vivência com piscinas individuais e pérgulas como elemento de encerramento da volumetria. 

A pesquisa de parâmetros ergonômicos  para mobiliário e construção de qualidade organiza todo o edifício e seus ambientes seccionados, numa lógica racional. Dessa forma, foi possível estabelecer as larguras-tipo de 0,60 metros para armários, bancadas e varandas,  0,90 metros para fruição, e 2,85 metros para cada cômodo, organizados em sequências variáveis. Uma padronização que alinha as qualidades essenciais de escala, proporção, harmonia e ritmo.

O térreo foi mantido livre como contraponto à solidez do bloco principal, que se apoia sobre  uma mesa estrutural composta pelo expressivo vigamento de transição. O nível abriga ainda a academia e uma alameda ajardinada, com piscina ao fundo, como também dois acessos de transição, um para os apartamentos e outro para a garagem. A solução do estacionamento, disposto em dois subsolos com acessos bifurcados, buscou permitir um desenho de vagas que dispensasse os veículos da realização de um giro completo, uma vez que não havia área suficiente para esse tipo de manobra. A estratégia do térreo busca criar uma interface singular para unificar três ecossistemas dentro da malha urbana - o social, urbano e a natureza - dando continuidade à vocação do bairro do Jardins. 

O conceito e todas as soluções nascem a partir das características do terreno e evolui para um monolito escavado com quebras de escala em aberturas cênicas que permitem ver as pessoas vivendo e transitando, em uma arquitetura sensorial, atraente e contemporânea.

Arquitetura: ARCHITECTS OFFICE 

Sócio-responsável:  Greg Bousquet

Diretor de Arquitetura: Sávio Jobim

Equipe dedicada: Larissa Oliveira, Rafael Igayara, Maria Gabriella Stabile, Ícaro Epifânio, Regiane Fernandes, Luiza Bouças, Aline Assoni, Marcelo Sbarra, Renata Cupini, Guilherme Fiorotto,  Bianca de Cillo, Diego Pereira, Ana Thereza; Danusa Teles, Lourenço Tomaz.